AS ACADEMIAS MAÇÔNICAS E SEUS OBJETIVOS PRIMORDIAIS

MAÇONARIA INSTITUCIONAL & MAÇONARIA CIENTÍFICA

A palavra Academia surgiu para designar um jardim ou parque a seis estádios ao noroeste de Atenas e a associação cultural que Platão ali estabeleceu, a sua Academia Grega, por volta de 385 a. C.

Palavra esta que é derivada de Academos (ou Hecademos), antigo herói de Ática, na Grécia que, segundo a lenda, teria indicado aos irmãos de Helena o lugar onde Teseu a escondera.

Platão deu o nome de Academia à sua associação cultural porque comprara uma propriedade nas imediações, onde costumava fazer desse jardim lugar para reuniões com seus discípulos.

O nome Academia foi ressuscitado pelos humanistas, no Renascimento, que reavivaram o antigo hábito das associações literárias, fazendo surgir primeiro na Itália, depois por toda a Europa, numerosas instituições com o nome de Academia. Sendo a mais famosa a Academia Francesa. Surgiram também as Academias Eclesiásticas estabelecidas na Rússia por Pedro, o Grande.

Na literatura, a palavra tem o significado de uma organização estruturada com leis ou estatutos próprios, destinada ao cultivo desinteressado de disciplinas literárias, científicas ou artísticas.

As Academias europeias ressoaram no Brasil no século XVIII. Em 1724 fundou-se em Salvador, Bahia, a Academia Brasílica dos Esquecidos. O nome traduziria certo despeito de terem sido "esquecidos" na organização das Academias da Metrópole. Depois surgiu a Academia Cearense de Letras e logo após a Academia Brasileira de Letras.

Surgiram, então, as Academias Maçônicas nos moldes da Academia Brasileira de Letras. Inicialmente apenas como academias de letras, que foi se estendendo para outras áreas: ciências, artes, músicas, etc.

A partir deste momento se nos impõe uma indagação: quais Letras, Ciências e Artes devem ser objetos da Academia Maçônica?

Seriam as Letras Maçônicas, tão somente? Seriam as ciências voltadas para o estudo da maçonaria propriamente dita? Seriam as Artes liberais ou as artes práticadas pelos maçons no decorrer do tempo?

Para tanto, faremos uma incursão no que diz respeito a Maçonaria Institucional e a Maçonaria Cientifica, a partir de um peça de arquitetura produzida pelo falecido irmão Luciano Ferreira Leite, que foi magistrado no Estado de São Paulo.

Segundo ele a Maçonaria Institucional trata do ordenamento normativo que rege toda sua estrutura, bem como de seus órgãos: resulta de uma decisão do povo maçônico na medida em que define sua organização interna, seus objetivos primordiais, prescrevendo também a competência de seus órgãos e disciplinando a forma e o modo pela qual, entre eles, se desenvolvem suas relações internas.

Continuando, diz ele: Vista sob o ângulo institucional, a Maçonaria não possui caráter científico, cumprindo lembrar que o ordenamento jurídico maçônico, a exemplo do que ocorre em outras ordens normativas, estabelece relações de imputabilidade, significando que prescreve comportamentos.

Sobre Ciência, discorre ele: a ciência tem como característica descrever tanto fenômenos da natureza como comportamentos sociais, mas não apenas isso - descreve igualmente o mundo normativo, formado em razão da vontade geral das comunidades, através de seus representantes.

Há uma ciência específica, que tem por missão cumprir essa ingente tarefa de descrever as normas, objetivando precisar-lhe o sentido: trata-se da ciência da interpretação também conhecida como ciência hermenêutica.

No entender dele: Quando os maçons procedem a interpretação do conjunto de normas a que se subordinam, a partir da Lei Maior Maçônica até a legislação ordinária, acrescida de regulamentos e resoluções, estarão, à toda evidência, desenvolvendo atividade científica, que é retratada nos trabalhos, monografias e obras relativas a Maçonaria Insititucional. Significando dizer que - tais produções, descrevendo e interpretando o conteúdo normativo das instituições maçônicas, revestem-se de inequívoco caráter científico.

Por outro lado, preleciona ele que: Visto por outro prisma, o aspecto científico da instituição maçônica reside em sua própria História, que remonta à mais longínqua antiguidade, percorrendo grande número de etapas, até nossos dias.

A própria ciência histórica que, procedendo a reconstrução de fatos passados focaliza a Maçonaria não apenas a partir da data em que foi institucionalizada com a publicação das "Constituições de Anderson", mas remontado à épocas e períodos muito mais antigos, dando origem a trabalhos de inexedível valor sobre sas origens, serve de base de fundamento a uma segunda categoria de hermenêutica; esta diz respeito, a interpretação e a crítica da própria História reconstruída com base nas fontes utilizadas pelos autores.

Donde podemos concluir que, as Academias Maçônicas deveriam desenvolver suas atividades no campo da literatura não só maçônica mas, também, na literatura propriamente dita; nos aspectos culturais que envolvem a história da humanidade; e no estudo da história da maçonaria com ciência, e na volta ao estudo das sete Artes Liberais.

Brasília, DF, 28 de setembro de 2024


HELIO P. LEITE
um eterno buscador
Presidente da ANMI

Cadeira 33

Patrono: Joaquim Gonçalves Ledo

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